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Muito se fala sobre a ação do glúten na alimentação, mas nem sempre de forma conclusiva. Neste artigo, vamos dissecar este assunto.
Nos últimos anos, a relação entre a alimentação e o bem-estar humano tem sido objeto de crescente interesse e pesquisa. Dentre as substâncias alimentares que têm gerado discussões e levantado preocupações, o glúten destaca-se como protagonista.
Entretanto, a influência do glúten no mau estar humano vai além, alcançando indivíduos que sofrem de condições específicas, como a doença celíaca e a sensibilidade ao glúten não celíaca.
Além do glúten, outras substâncias alimentares têm sido associadas a desconfortos e problemas de saúde. A lactose, por exemplo, é um açúcar presente no leite, e a intolerância a esse composto pode levar a sintomas como dor abdominal, inchaço e diarreia.
Aditivos alimentares, corantes, conservantes e outros componentes químicos presentes em alimentos processados também têm despertado preocupações quanto aos seus potenciais efeitos negativos sobre a saúde humana.
Neste contexto, torna-se crucial compreender como diferentes substâncias alimentares podem beneficiar ou prejudicar a saúde humana, considerando as variações individuais de tolerância e sensibilidade.
À medida que a consciência sobre a relação entre alimentação e saúde cresce, as pessoas procuram adaptar as dietas para promover o bem-estar, muitas vezes explorando alternativas e opções alimentares que atendam às suas necessidades específicas.
O glúten é uma proteína complexa encontrada em cereais como trigo, cevada, centeio e, em menor quantidade, aveia. É formado por duas proteínas principais: a gliadina e a glutenina. Essas proteínas são responsáveis pela elasticidade da massa, conferindo à massa de pão, por exemplo, a estrutura e textura característica.
Quando a farinha é misturada com água, o glúten forma-se através da interação dessas proteínas. Essa característica elástica é crucial no fabrico de produtos de panificação, pois permite que a massa cresça durante o processo de fermentação, resultando em pães e produtos assados com uma textura desejável.
Embora o glúten seja uma parte essencial da culinária em muitas culturas, algumas pessoas apresentam reações adversas a essa proteína.
É importante notar que a grande maioria das pessoas pode consumi-lo sem problemas de saúde. No entanto, para aqueles com doença celíaca, sensibilidade ao glúten ou outras condições relacionadas, evitá-lo é essencial para evitar complicações de saúde.
O glúten está presente em vários alimentos que contêm cereais como trigo, cevada, centeio e, em menor quantidade, aveia. Aqui estão alguns alimentos onde esta proteína é frequentemente encontrada:
Pães e Produtos de Panificação: pães, bolos, bolachas, muffins e outros produtos de panificação podem conter glúten devido ao uso de farinha de trigo.
Massas: macarrão, lasanha, espaguete e outros tipos de massas convencionais são feitos com trigo.
Cereais Matinais: muitos cereais matinais contêm trigo, cevada ou centeio.
Bolachas: produtos de confeitaria, como bolachas e biscoitos, geralmente são feitos com farinha de trigo.
Cerveja: a cevada é um grão que contém glúten e é frequentemente usada na produção de cerveja.
Alimentos Processados: alguns alimentos processados, como molhos, sopas e produtos prontos para consumo, podem conter ingredientes derivados de cereais.
Aveia (em alguns casos): a aveia pode ser contaminada durante o processo de produção, dependendo das instalações onde é processada. Portanto, é importante procurar aveia rotulada como "sem glúten".
Para a maioria das pessoas, o glúten não é prejudicial à saúde e pode ser consumido como parte de uma dieta equilibrada. No entanto, existem grupos específicos de pessoas para as quais pode representar um problema significativo.
Vamos abordar três situações distintas:
Doença Celíaca: para indivíduos com doença celíaca, o glúten é prejudicial. A doença celíaca é uma condição autoimune em que a sua ingestão leva à ativação do sistema imunológico, resultando em danos ao revestimento do intestino delgado. Essa condição pode causar uma série de sintomas e complicações de saúde.
Sensibilidade ao Glúten Não Celíaca: algumas pessoas experimentam sintomas gastrointestinais e outros desconfortos ao consumir esta proteína, mas não têm doença celíaca. Isto é conhecido como sensibilidade ao glúten não celíaca. A pesquisa sobre essa condição ainda está em andamento, e a compreensão exata dos seus mecanismos e impactos na saúde é limitada.
Indivíduos sem Sensibilidade ao Glúten: a grande maioria das pessoas pode consumir glúten sem problemas de saúde. Para essas pessoas, o seu consumo não é prejudicial e pode fazer parte de uma dieta equilibrada e variada.
É importante destacar que a decisão de evitá-lo deve ser feita com base numa orientação médica / profissional. Se alguém suspeita de intolerância ou de doença celíaca, é fundamental procurar a orientação de um profissional de saúde, como um gastroenterologista ou um nutricionista, para realizar testes adequados e obter aconselhamento personalizado. No Fitness UP, podemos ajudar-te com isto através do nosso serviço de Nutrição!
Não há evidências científicas sólidas que comprovem uma relação direta entre o glúten e o emagrecimento. Por si só, não é um fator determinante no ganho ou perda de peso para a maioria das pessoas.
O emagrecimento está mais associado a fatores como a ingestão total de calorias, a qualidade da dieta, a prática de atividade física e o equilíbrio entre o consumo e o gasto energético. A eliminação desta substância da dieta pode levar a perda de peso em algumas pessoas, mas isso muitas vezes está relacionado a mudanças na escolha de alimentos e na redução do consumo de produtos processados ricos em calorias, não especificamente ao glúten em si.
É importante observar que algumas pessoas adotam uma dieta sem glúten por razões relacionadas com a saúde, como a doença celíaca ou a sensibilidade ao glúten. Nestes casos, a sua remoção da dieta é uma necessidade médica, e a perda de peso pode ser uma consequência indireta das mudanças alimentares necessárias.
Se estás a considerar adotar uma dieta deste género para perderes de peso, é aconselhável procurares a orientação de um profissional de saúde ou nutricionista. Uma dieta equilibrada e personalizada que atenda às necessidades nutricionais individuais é fundamental para promover uma perda de peso saudável e sustentável.
A eliminação do glúten sem necessidade pode resultar em alguns desafios e desvantagens, como restrições alimentares desnecessárias e a possibilidade de deficiências nutricionais. Contudo, vejamos algumas vantagens de se adotar este tipo de dieta:
Vantagens de uma Dieta Sem Glúten:
Necessidade Médica: para pessoas com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten não celíaca, a sua eliminação é crucial para prevenir sintomas gastrointestinais, danos ao intestino delgado e outras complicações de saúde.
Alívio de Sintomas: indivíduos com sensibilidade podem experimentar alívio de sintomas como inchaço, dor abdominal, fadiga e outros desconfortos.
Melhoria na Saúde da Pele: alguns relatam uma melhoria na saúde da pele, como redução de acne ou eczema, ao seguir esta dieta.
Aprendizado sobre Alimentação Saudável: adotar a dieta muitas vezes requer maior atenção aos rótulos dos alimentos e pode levar a escolhas mais conscientes e saudáveis.
Desvantagens de uma Dieta Sem Glúten:
Restrições Alimentares: uma dieta sem glúten pode resultar em restrições alimentares significativas, pois muitos alimentos contêm-no. Isto pode dificultar a obtenção de uma variedade suficiente de nutrientes.
Custo Financeiro: produtos livres de glúten, como pães e massas tendem a ser mais caros do que as suas contrapartes convencionais, o que pode aumentar os custos alimentares.
Risco de Deficiências Nutricionais: a eliminação do glúten pode resultar em ingestão reduzida de fibras, vitaminas do complexo B e ferro, se não houver substitutos adequados na dieta.
Dificuldades Sociais: adotar uma dieta sem glúten pode ser desafiante em ambientes sociais, como festas, restaurantes e encontros familiares, onde as opções podem ser limitadas.
Apetência por Produtos Processados: algumas pessoas podem ser tentadas a consumir produtos sem glúten processados, que podem ser ricos em açúcares e gorduras adicionadas para melhorar o sabor e a textura.
Para aqueles que precisam de adotar a dieta devido à doença celíaca, sensibilidade ao glúten ou outras razões, é importante encontrar substituições adequadas para garantir uma dieta equilibrada e nutritiva.
Aqui estão algumas das substituições mais conhecidas:
Farinhas Sem Glúten
Farinha de Arroz: pode ser utilizada como substituto da farinha de trigo em muitas receitas.
Farinha de Amêndoa: rica em proteínas e fibras, é uma alternativa saudável para algumas receitas.
Farinha de Coco: uma opção sem glúten com sabor distinto de coco, adequada para algumas receitas.
Amidos e Gomas
Amido de Batata ou de Milho: pode ser utilizado para melhorar a textura e a maciez nas receitas.
Goma Xantana ou Goma Guar: ajuda a melhorar a elasticidade e a ligação em produtos assados sem glúten.
Cereais Sem Glúten
Quinoa: uma excelente fonte de proteína e fibras.
Aveia Sem Glúten: certifica-te de que seja rotulada como "sem glúten" para evitar contaminação cruzada.
Pães e Massas Sem Glúten
Pães e Massas Sem Glúten Comerciais: muitas marcas oferecem produtos sem glúten, incluindo pães, massas e bolachas.
Massas de Arroz ou Milho: alternativas para substituir massas tradicionais.
Substitutos de Trigo Sarraceno
Trigo Sarraceno: apesar do nome, não contém glúten e pode ser utilizado em grãos inteiros ou moído em farinha.
Aveia Certificada Sem Glúten
Aveia Rotulada como "Sem Glúten": certifica-te de escolher aveia que seja processada em instalações sem contaminação cruzada.
Bebidas Sem Glúten
Leite de Amêndoa, Leite de Coco ou Leite de Arroz: alternativas ao leite de vaca.
Espessantes e Emulsificantes:
Fécula de Batata ou Amido de Milho: podem ser inluídos como espessantes em molhos e sopas.
Lecitina de Soja: um emulsificante utilizado em produtos de panificação sem glúten.
Farinhas de Leguminosas
Farinha de Grão-de-Bico ou de Lentilha: rica em proteínas, pode ser utilizada em receitas salgadas.
É fundamental ler os rótulos cuidadosamente e garantir que os produtos sejam rotulados como "sem glúten" para evitar contaminação cruzada.
Em conclusão, o glúten é uma proteína encontrada em cereais como trigo, cevada, centeio e aveia, sendo responsável pela elasticidade característica de muitos produtos alimentares. Embora seja seguro e até benéfico para a maioria das pessoas, indivíduos com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten não celíaca têm que evitar esta substância devido aos impactos adversos à saúde.
Ao explorar os alimentos onde existe a sua presença, destacamos pães, massas, cereais e produtos de panificação. Apesar da sua importância na culinária, a procura por alternativas tem-se intensificado, impulsionada por uma compreensão crescente das necessidades alimentares individuais.
As vantagens de uma dieta livre de glúten são evidentes para aqueles com condições específicas, como a doença celíaca, proporcionando alívio de sintomas e prevenindo danos à saúde. No entanto, é crucial reconhecer as desvantagens associadas, como restrições alimentares, custos financeiros e o potencial risco de deficiências nutricionais.
Em última análise, a decisão de adotar uma dieta deste tipo deve ser baseada em necessidades de saúde específicas, orientação médica e um entendimento equilibrado das vantagens e desvantagens associadas a essa escolha alimentar.
O diálogo contínuo entre profissionais de saúde e indivíduos é essencial para promover escolhas alimentares saudáveis e sustentáveis, adaptadas às necessidades únicas de cada pessoa.
Artigo escrito por Maria Luísa Franco - Nutricionista do Fitness UP, formada pela Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto, especialista em Nutrição Desportiva e com 9 anos de experiência na área.