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A diabetes é uma doença crónica que afeta milhões de pessoas no mundo inteiro e é uma preocupação crescente em Portugal. Caracterizada pela incapacidade do corpo de produzir ou utilizar insulina adequadamente, pode levar a uma série de complicações graves de saúde se não for gerida corretamente.
Neste artigo pretendemos proporcionar uma compreensão abrangente sobre a diabetes, desde os seus tipos e sintomas até as opções de tratamento disponíveis e as perspetivas de cura. É essencial para todos, tanto para aqueles que convivem com a doença quanto para os profissionais de saúde, entenderem as melhores práticas de gestão e prevenção para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir o impacto desta condição na sociedade.
Em Portugal, a prevalência da diabetes tem vindo a aumentar, refletindo tendências globais. A melhoria dos diagnósticos e a maior consciencialização sobre a doença contribuíram para um aumento no número de casos reportados. No entanto, este crescimento também pode ser atribuído a fatores como mudanças no estilo de vida, dieta inadequada e a prevalência de obesidade.
A diabetes é uma das principais causas de morte e incapacidade em Portugal, representando um desafio significativo para o sistema de saúde. A gestão eficaz da diabetes envolve não apenas a medicação e a monitorização contínua, como também mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma dieta equilibrada e a prática regular de exercício físico.
No fundo, a insulina é uma doença crónica que ocorre quando o corpo não consegue produzir insulina suficiente ou não consegue utilizar adequadamente a insulina que produz. Trata-se de uma hormona essencial que ajuda a converter a glicose (açúcar) dos alimentos em energia para as células. Quando a insulina não funciona corretamente, a glicose acumula-se no sangue, resultando em níveis elevados de açúcar no sangue, também conhecido como hiperglicemia.
Existem três tipos principais de diabetes:
Diabetes Tipo 1: este tipo é uma condição autoimune onde o sistema imunológico ataca e destrói as células beta do pâncreas que produzem insulina. É geralmente diagnosticada em crianças e jovens adultos, e as pessoas com diabetes tipo 1 necessitam de insulina diariamente para controlar os níveis de glicose no sangue.
Diabetes Tipo 2: este é o tipo mais comum e geralmente ocorre em adultos. Está frequentemente associado a fatores de estilo de vida, como obesidade e sedentarismo. Na diabetes tipo 2, o corpo não utiliza a insulina de forma eficiente (resistência à insulina) e/ou não produz insulina suficiente. Muitas vezes, pode ser gerida com mudanças na dieta, exercício físico e, em alguns casos, medicação.
Diabetes Gestacional: esta forma de diabetes ocorre durante a gravidez e geralmente desaparece após o parto. No entanto, mulheres que tiveram diabetes gestacional têm um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida.
De uma forma geral, trata-se de uma condição grave que, se não for gerida adequadamente, pode levar a várias complicações de saúde, incluindo doenças cardíacas, danos nos nervos, problemas renais, perda de visão e amputações. A gestão eficaz da doença envolve a monitorização regular dos níveis de glicose no sangue, uma alimentação saudável, prática regular de exercício físico e, quando necessário, medicação.
A diabetes pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. De seguida, apresentamos algumas das principais razões que podem levar ao desenvolvimento da doença:
Fatores Genéticos
História Familiar: ter um parente próximo com diabetes aumenta o risco de desenvolver a doença. Fatores genéticos desempenham um papel significativo, especialmente na diabetes tipo 2.
Genética: certos genes podem tornar uma pessoa mais suscetível à diabetes. Estudos mostram que múltiplos genes podem estar envolvidos no risco de desenvolver tanto a diabetes tipo 1 quanto a tipo 2.
Fatores Ambientais e de Estilo de Vida
Obesidade: o excesso de peso, especialmente a gordura abdominal, está fortemente associado ao desenvolvimento da diabetes tipo 2. A obesidade pode causar resistência à insulina, dificultando o controlo dos níveis de açúcar no sangue.
Sedentarismo: a falta de atividade física regular contribui para a obesidade e resistência à insulina. O exercício ajuda a controlar o peso e aumenta a sensibilidade das células à insulina.
Dieta Não Saudável: o consumo excessivo de alimentos ricos em açúcar e gorduras saturadas pode levar à obesidade e resistência à insulina. Dietas pobres em fibras e ricas em hidratos de carbono refinados também aumentam o risco.
Tabagismo: fumar está associado a um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2. Os produtos químicos no tabaco podem danificar as células do corpo e piorar a resistência à insulina.
Fatores Médicos e Fisiológicos
Resistência à Insulina: muitas pessoas com diabetes tipo 2 têm resistência à insulina, onde as células do corpo não respondem adequadamente à insulina. Isto faz com que o corpo precise de mais insulina para ajudar a glicose a entrar nas células.
Distúrbios Hormonais: algumas condições hormonais, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) e a síndrome de Cushing, podem aumentar o risco de diabetes.
Pressão Alta e Colesterol Elevado: a hipertensão arterial e níveis elevados de colesterol LDL estão frequentemente associados à diabetes tipo 2 e podem agravar a resistência à insulina.
Fatores Específicos para Diabetes Tipo 1
Doenças Autoimunes: a diabetes tipo 1 é uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas que produzem insulina. As causas exatas dessa resposta autoimune ainda não são completamente compreendidas, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais, como infeções virais, possam desempenhar um papel.
Diabetes Gestacional
Fatores de Risco Específicos: mulheres com excesso de peso, história familiar de diabetes, ou que já tiveram diabetes gestacional em gravidezes anteriores estão em maior risco.
Mudanças Hormonais: as hormonas produzidas durante a gravidez podem causar resistência à insulina, levando à diabetes gestacional.
Uma pessoa é considerada diabética com base em certos critérios médicos definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Associação Americana de Diabetes (ADA). Estes critérios são estabelecidos através de diferentes testes de glicemia que medem a quantidade de açúcar no sangue. Aqui estão os principais parâmetros:
1. Glicemia de Jejum
Normal: menos de 100 mg/dL (5,6 mmol/L)
Pré-diabetes: 100 a 125 mg/dL (5,6 a 6,9 mmol/L)
Diabetes: 126 mg/dL (7,0 mmol/L) ou mais em dois testes separados
2. Teste de Tolerância à Glicose Oral (TTGO)
Normal: menos de 140 mg/dL (7,8 mmol/L) duas horas após a ingestão de uma solução de glicose
Pré-diabetes: 140 a 199 mg/dL (7,8 a 11,0 mmol/L)
Diabetes: 200 mg/dL (11,1 mmol/L) ou mais
3. Hemoglobina Glicada (HbA1c)
Normal: menos de 5,7%
Pré-diabetes: 5,7% a 6,4%
Diabetes: 6,5% ou mais em dois testes separados
4. Glicemia Aleatória
Diabetes: 200 mg/dL (11,1 mmol/L) ou mais, acompanhada de sintomas clássicos de diabetes, como poliúria (aumento da frequência urinária), polidipsia (aumento da sede), e perda de peso inexplicada.
A diabetes pode-se manifestar por meio de uma variedade de sintomas. Aqui estão 30 sintomas comuns associados à diabetes:
1 - Sede excessiva (polidipsia)
2 - Fome excessiva (polifagia)
3 - Urina frequente (poliúria)
4 - Perda de peso inexplicada
5 - Fadiga
6 - Visão turva
7 - Feridas que demoram a cicatrizar
8 - Infeções frequentes (pele, gengivas ou bexiga)
9 - Formigueiro ou dormência nas mãos e pés
10 - Pele seca e com coceira
11 - Mudanças na cor da pele (escurecimento de áreas ao redor do pescoço e axilas)
12 - Náuseas
13 - Vómitos
14 - Respiração rápida e profunda (cetoacidose diabética)
15 - Mau hálito com cheiro a frutas (cetoacidose diabética)
16 - Aumento da frequência de infeções fúngicas
17 - Dor abdominal
18 - Confusão
19 - Dificuldade de concentração
20 - Dificuldade em manter o foco
21 - Alterações de humor
22 - Visão dupla
23 - Fraqueza muscular
24 - Impotência (disfunção erétil)
25 - Menstruações irregulares
26 - Coceira genital
27 - Dor no peito
28 - Sudorese excessiva
29 - Palpitações
30 - Insónias
Estes sintomas podem variar na intensidade e nem todas as pessoas com diabetes apresentarão todos esses sintomas. Para um diagnóstico preciso, é recomendável consultar um médico, que poderá requisitar os testes adequados e interpretar os resultados de acordo com as normas estabelecidas. Além disso, o diagnóstico precoce é crucial para o tratamento eficaz da doença e para prevenir complicações.
A diabetes, quando não controlada adequadamente, pode levar a uma série de complicações sérias e até fatais. Aqui estão alguns dos principais riscos associados à diabetes:
Doenças Cardiovasculares: aumenta significativamente o risco de doenças cardíacas, incluindo doença arterial coronariana, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).
Nefropatia Diabética (Doença Renal): a diabetes pode danificar os rins e levar à doença renal crónica ou insuficiência renal, o que pode necessitar de diálise ou transplante de rim.
Neuropatia Diabética: danos aos nervos (neuropatia) são comuns em pessoas com diabetes. Isto pode causar dor, formigueiro e perda de sensibilidade, especialmente nas extremidades, e pode levar a problemas digestivos, disfunção erétil e outras complicações nervosas.
Retinopatia Diabética (Problemas de Visão): a diabetes pode danificar os vasos sanguíneos da retina, potencialmente levando à cegueira. Também aumenta o risco de outras condições oculares, como catarata e glaucoma.
Úlceras e Infeções: pessoas com diabetes são mais propensas a desenvolver infeções e úlceras, especialmente nos pés, devido à má circulação e danos nos nervos. Isto pode levar a amputações se não for tratado adequadamente.
Problemas de Pele: a diabetes pode levar a diversas condições de pele, incluindo infeções bacterianas e fúngicas, e prurido.
Complicações na Gravidez: mulheres com diabetes podem enfrentar riscos aumentados durante a gravidez, incluindo pré-eclâmpsia, parto prematuro e complicações para o bebé, como malformações congénitas e hipoglicemia neonatal.
Problemas Dentários: a diabetes aumenta o risco de infeções gengivais e outros problemas dentários devido à maior suscetibilidade a infeções.
Doenças Neurológicas: além da neuropatia periférica, a diabetes pode afetar o cérebro e estar associada a um maior risco de demência, incluindo a doença de Alzheimer.
Problemas Gastrointestinais: a neuropatia diabética pode afetar o trato gastrointestinal, levando a problemas como gastroparesia (esvaziamento retardado do estômago), constipação, diarreia e incontinência fecal.
Controlar a diabetes através de uma dieta equilibrada, exercícios regulares, monitorização do açúcar no sangue e, se necessário, medicação, é essencial para reduzir esses riscos e manter uma boa qualidade de vida.
Portanto, compreender o que é a diabetes, os seus tipos, sintomas e causas é essencial para o diagnóstico e tratamento eficazes. A doença pode levar a complicações graves, incluindo doenças cardiovasculares, problemas renais, danos nos nervos, problemas de visão, e maior suscetibilidade a infeções e problemas de pele. Esses riscos podem ser mitigados com uma gestão adequada da doença, que inclui dieta equilibrada, exercício físico regular, monitorização constante dos níveis de açúcar no sangue e, quando necessário, uso de medicação.
Promover a educação sobre a diabetes é crucial para reduzir o impacto desta doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Sobre o autor: Maria Luísa Franco - Nutricionista do Fitness UP, formada pela Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto, especialista em Nutrição Desportiva e com 9 anos de experiência na área.